Você, quase.
Esse
“não o bastante” te mastiga por dentro.
Ser quase tudo e ainda assim ser quase nada.
Ser boa, mas não ser suficiente.
Ser tudo — e não caber em lugar nenhum.
Estar em todos os cantos e, ainda assim, faltar.
Cansa.
Cansa tentar se encaixar onde não te querem inteira.
Cansa não comer e só perceber horas depois.
Cansa se olhar no espelho e querer desaparecer.
Cansa ser quem você é
e achar que isso, justamente isso,
é o erro.
A
ansiedade te morde devagar.
Você pensa — repensa — re-repensa,
e quer ser outra.
Mais isso. Menos aquilo.
Mais perfeita. Menos você.
Você se
exercita e nada muda:
imagem distorcida,
auto-ódio filtrado,
ansiedade.
Você
come, e se sente um monstro:
bulimia, culpa,
ansiedade.
Você
demonstra carinho e se acha idiota:
fraqueza, vergonha,
ansiedade.
É
sempre ela:
a ansiedade te apertando os pulsos,
te sufocando com mãos invisíveis.
É ela que te faz pedir desculpas
por simplesmente existir.
E no
fim do dia,
você só consegue dizer:
Me desculpa, eu.
MaryIsLu.
Comentários