Querida eu, perdoe-me!

Estava quebrada demais — então me pedi desculpa.

Perdoe-me, eu.
Por me calar quando queria explodir.
Por me encolher pra caber onde eu nem devia pisar.
Perdoe-me por todas as vezes que te chamei de fraca,
quando tudo o que você fez foi sobreviver.
Por me olhar no espelho e desejar ser outra.
Por me criticar mais do que o mundo jamais ousou.

Sinta raiva, sim — se preferir.
Raiva de mim por ter engolido o choro,
por ter disfarçado a tristeza com sorriso educado.

Me perdoa, eu.
Pelas noites em que dormi com fome de afeto.
Por todos os “tudo bem” falsos,
pelas desculpas que eu não devia ter dado.

Me perdoa por ter escolhido o outro mil vezes,
quando quem mais precisava de mim
era eu mesma.

Perdoe-me, eu.
Por ter tentado me consertar em silêncio,
com mãos cansadas e coração na unha.
Por ter esperado que alguém me salvasse,
quando só eu sabia onde doía.

Me perdoa por tudo que ainda não entendo,
mas carrego.
Por tudo que finjo esquecer,
mas pesa.

E querida eu, se um dia resolver que me perdoa,
espero que saiba:
não foi fraqueza.
Foi força demais,
gasta demais,
calada demais.

Mas ainda assim... Força.



MaryIsLu!

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