CALMARIA.

A calmaria me deixa exausta.

O silêncio me deixa inquieta.

O nada me deixa transtornada.

Não sei o momento certo em que tudo começa,
mas quando percebo,
meus dedos já não ficam parados,
meus pés balançam,
minha cabeça para,
e minha respiração pesa.

Tudo é barulhento demais do lado de fora,
mas minha cabeça continua em silêncio.
Nada.
Não tem nada nela.

O silêncio é desumano.
O sol é quente demais.
O frio, congelante.
O vento, forte demais.
A dor, latejante.
A água é seca.
A comida não tem gosto.
Os objetos doem ao encostar na pele.

Tudo é demais.
E tudo é pouco.
Nada é o bastante,
mas tudo pesa.

Não sei por quanto tempo dura.
Mas parece uma eternidade presa dentro de segundos.
De não saber o que vem depois —
e se tem um depois.
De como vai ser —
e se vai ser.

É tudo tão escuro.
E tem claridade demais.
É tudo muito exagerado,
mas é calmo.
Calmo demais.





MaryIsLu.

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